quarta-feira, agosto 30, 2006

NOVO LIVRO DUM «RACISTA»...


«SOS! SERÁ QUE ESTOU A FICAR RACISTA?»

UM LIVRO POLÉMICO DE MANUEL GERALDO

O jornalista e escritor alentejano Manuel Geraldo acaba de lançar um livro...

...que ele assume como bastante polémico, intitulado «SOS!Será que estou a ficar racista?», no qual faz uma reflexão desencantada sobre o percurso do homem africano, sobretudo do espaço lusófono, após a independência dos seus países, através da transcrição de notícias de Imprensa, de crónicas pessoais, de conversas ou episódios casuais do quotidiano, sem a preocupação excessiva de rigor temporal.
Num texto introdutório à sua obra, escreve o autor, que é colaborador do nosso jornal: «Trinta anos após a independência dos países de expressão lusófona, África continua devastada pela guerra, pela fome, pelas doenças, num cenário aterrador, dado que agora já não são os brancos que subjugam os negros, mas os negros que subjugam outros negros.
E entre os negros que emigraram, ou já nasceram em Portugal, na América, ou noutras nações europeias, muitos deles perderam-se na criminalidade, na ostentação, na falta de solidariedade entre eles próprios, no confronto violento com as populações locais (uma forma nem sempre camuflada, e muitas vezes provocatória, de racismo ao contrário), que faz reduzir drasticamente o número de apoiantes para a sua completa integração social nos países de acolhimento tornando «quixotescas», quando não especulativas – para quem conhece infelizmente a realidade no terreno – as campanhas redutoras, autistas, ou facciosas, de organizações não governamentais, como por exemplo a SOS/ Racismo (malgrado o empenhamento idealista de um José Falcão), como se as minorias fossem sempre inocentes, e o racismo tivesse cor.
E não se mantivesse (benesses sociais conseguidas) a preto, a branco, a amarelo, vermelho, crioulo, berbere ou aborígene, façam-se as misturas rácicas que se fizerem».
E prossegue Manuel Geraldo na sua «constatação magoada», como afirma: Mas de qualquer maneira urge questionar: a agora africanos, que estais de novo sozinhos, de novo senhores absolutos, política e economicamente, do vosso belo e quase intacto continente, porque vos matais uns aos outros, porque vos explorais uns os outros, porque caminhais para a «estaca zero» do vosso «civilizacionismo» estático, ou seja para o canibalismo, para o primitivismo que imperava entre vós quando da chegada dos navegadores europeus, com os quais muitos de vós fostes coniventes, inclusive no advento da escravatura, através da troca por quinquilharias de muitos dos vossos irmãos? Apenas parecendo querer «clonar» o que de pior tem a sociedade ocidental: a droga, a violação, a extorção, a vaidade fátua, o gangsterismo».Nascido em Salvada, no distrito de Beja, Manuel Geraldo iniciou a sua carreira profissional de jornalista no «Diário de Lisboa», onde permaneceu 17 anos, passando depois pelo «Tal & Qual», «Câmbio 16», em Espanha, «Revista Alentejana», «Bola Magazine» e «As Pessoas», onde trabalha actualmente. Foi ainda director do semanário «Gazeta de Lisboa».
Entre os vários livros publicados sobre o Alentejo, a guerra colonial e a área jurídico-policial, destaque para «Emigrados e Ofendidos», «Em Bizango de Bizangongo», «Um Juiz no Alto do Parque» e «A Segunda Morte do General Delgado».