terça-feira, abril 20, 2004

O PODER DO DINHEIRO QUE TUDO INVADE

Parece que a Comissão Europeia quer agora que as Bibliotecas públicas passem a cobrar taxas aos leitores de cada vez que estes quiserem levar um livro para casa.

Já nem se pode ter acesso à cultura do modo mais sereno e singelo sem ter de se pagar?

Se tal directiva, já de 92, for avante, o cidadão ficará prejudicado em prol dos direitos das editoras, dos autores e de toda a tropa que vive dos livros.
É como se essa gente toda andasse a morrer à fome, sendo todos os dias vistos a pedir no passeio...

É mais um golpe da mentalidade capitalista, amante do privado, sobre o ideal do Estado que serve os cidadãos de um modo não economicista.
Podem alguns afirmar que um serviço que fornece um bem material a um cidadão é sempre um serviço económico e que o interesse do cidadão ao dele usufruir gratuitamente, é também económico, e que a preocupação com tal matéria é economicista; no entanto, o que o serviço público ao nível da cultura garante é que o indivíduo não está dependente do aspecto económico para aceder à cultura, situação que é inequivocamente ideal e determinada por uma mundivisão idealista.

Ao fim ao cabo, todo e qualquer serviço público leva a que as preocupações economicistas do cidadão sejam reduzidas e isso, de um ponto de vista idealista, é sempre um triunfo.