sábado, junho 10, 2017

DIA DA RAÇA


Nunca será demais celebrar o Dia da Raça, décimo do mês de Juno, celebrado na altura do ano em que na antiga Roma se honrava a Deusa do Fogo Sagrado da Pátria e do Lar, Vesta. 
É, como tenho dito há uma catrefa de anos, o «Natal dos Nacionalistas», tanto mais importante quanto mais se der importância à portugalidade. Tal como acontece há milhares de anos, tudo o que mereça respeito tem um dia do ano que lhe é consagrado, o que faz com que a tendência tradicional para sacralizar fique a pairar acima do espírito relativista e formalmente dessacralizador da época contemporânea. Convenção ou não, um dia consagrado é um dia em que a existência do que se consagra parece multiplicada na sua vitalidade. Os padrões mentais do homem arcaico perduram e por isso mesmo se percebe, conscientemente ou não, que o tempo não é todo igual. Pode medir-se, relativizar-se, considerar-se na perspectiva meramente quantitativa, mas, pelo menos ao nível humano, há no tempo algum sentido qualitativo. Por isso há um momento especial para tudo. E este é o momento do ano em que a condição de se ser desta Nação se afirma com mais premência, como quem faz anos ou saboreia a mística do Natal no ar, «só» porque o calendário assim o indica. É um dia para fazer o que não está na moda fazer-se: levar-se a sério o facto de se ser desta Nação, muito acima de qualquer justificação em torno de uma cena de vinte e dois gajos de calções a correr atrás de uma bola num relvado. É um dia para ser-se grandiloquente à vontade, comemorando o facto óbvio, imediato, central e vital de a sua própria existência se enquadrar no contexto de uma Grei caucasóide de língua indo-europeia que vive no extremo ocidente europeu, com séculos de História e milénios de estirpe, firmada por entre as rochas castrejas envoltas na álgida bruma do Atlântico Norte, erguida na sua soberania contra o Mouro e apesar do paternalismo imperial do irmão vizinho, Castelhano, de pé por si mesma com sangue e sacrifício, ou não fosse verdade que já os seus ancestrais declaravam ter o ferro para defender a sua liberdade em vez de ouro para a comprar.

Não há pois nada melhor para fazer neste dia senão proclamar a glória de Portugal e a honra devida ao maior dos seus vates, Luís Vaz de Camões, a quem também é dedicado o dia, o poeta que teve o bom gosto e grandeza de espírito de, apesar da intimidação inquisitorial que lhe foi movida, contemplar a presença dos Numes na Gesta Nacional, elevando-a às alturas etéreas e adamantinas a que se situavam já as obras clássicas da literatura latina e helénica.


Óleo de Carlos Alberto Santos representando as Tágides evocadas por Camões na obra «Os Lusíadas»

Também é um bom dia para acender velas, melhor do que a maioria dos outros dias, que hoje pode com mais propriedade saudar-se o que pode e deve chamar-se o Génio da Estirpe, no seu sentido original, a saber, o espírito fundador do Povo, e vem mesmo a calhar, dado que, por feliz coincidência, mais ou menos por esta altura do ano os antigos Romanos celebravam o culto de Vesta, Deusa do Fogo Sagrado do Lar e da Pátria, e também o de Mater Matuta, Grande Mãe, Cujo culto se associa à Aurora... E é também uma feliz coincidência que o PNR, tal como outros partidos nacionalistas da Europa Latina, tenha adoptado como símbolo precisamente a Chama, que na Latinidade autêntica, pagã, é o sinal de Vesta, a Deusa do Lar acima referida...

Hino Nacional «A Portuguesa»
(letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil)
 I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

II
Desfralda a invicta bandeira
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu novos mundos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra e sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar