terça-feira, fevereiro 28, 2017

SOBRE O VALOR DAS MÁSCARAS NO OCIDENTE

Máscara céltica de Blekinge, sul da Suécia, representando eventualmente uma Divindade; datada do primeiro século a.e.c..

Máscara de teatro celto-romana dos Brigantes, Povo céltico da Grã-Bretanha; comparar com a imagem imediatamente a seguir, de uma máscara actual do Entrudo de Podence, em Portugal




«As línguas célticas não conhecem o termo "máscara"; foram buscar a palavra ao Latim ou ao romano. Mas a arqueologia forneceu um certo número de máscaras célticas (e numerosas representações) e foi possível deduzir de algumas descrições mitológicas irlandesas que certas personagens ou enviados do Outro Mundo usavam uma máscara. O desaparecimento de todos os termos celtas originais depois da cristianização permite supor a existência de algum dado tradicional importante que já não nos é acessível! (...)
Máscara teatral representando Diónisos, Deus do Êxtase e do Vinho, datada do II século a.e.c..

Máscara funerária de ouro, dita de Agamémnon, Micenas, cerca de 1550–1500 a.e.c.

As tradições gregas, bem como as civilizações minóica e micénica, conheceram as máscaras rituais das cerimónias e as danças sagradas, as máscaras funerárias, as máscaras votivas, as máscaras de disfarce, as máscaras de teatro. Aliás, foi este último tipo de máscara, representante uma personagem (prosopon) que deu nome à "pessoa". Estas máscaras de teatro, geralmente estereotipadas (como no teatro japonês), sublinham os traços característicos de uma personagem: rei, velho, mulher, servidor, etc.. Existe um repertório de máscaras, bem como de peças de teatro e de tipos humanos. O actor que se cobre com uma máscara identifica-se, na aparência ou por apropriação mágica, com a personagem representada. É um símbolo de identificação. O simbolismo da máscara presta-se a cenas dramáticas, em contos, peças, filmes, em que a pessoa se identifica a tal ponto com a sua personagem, com a sua máscara, que já não consegue desfazer-se dela, já não consegue arrancá-la; tornou-se a imagem representada. Se ela se revestiu, por exemplo, da aparência de um demónio, finalmente identificou-se com ele. Podem-se imaginar todos os efeitos que se podem tirar desta força de assimilação da máscara. Concebe-se também que a psicanálise tenha por objectivo arrancar as máscaras de uma pessoa para a pôr em presença da sua realidade profunda.
Sob a forma de miniaturas, usam-se Divindades ou génios em efígie sobre as roupas ou suspensas nas paredes dos templos. Seriam a própria imagem - a mais expressiva, dado que só eram rostos - da força sobrenatural com a qual se relacionava o fiel (...).
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In «Dicionário dos Símbolos», de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant