terça-feira, dezembro 27, 2016

CRIANÇAS SÃO MESMO «RACISTAS»...

Uma pesquisa da Universidade de Washington, EUA, confirma que as crianças são «racistas». No estudo, recém-nascidos de quinze meses foram postos a ver um adulto a distribuir brinquedos a outros dois adultos, uma das vezes com equidade, outra das vezes injustamente. Quando puderam escolher com quem brincar, as crianças preferiram em setenta por cento dos casos brincar com quem tinha feito uma distribuição equitativa dos brinquedos. Depois, quando os dois adultos que receberam os brinquedos eram de raças diferentes, e a raça do que tinha recebido mais brinquedos era a mesma que a do bebé, os setenta por cento de preferência pelo distribuidor justo caíram e a percentagem de bebés que preferiu brincar com o dador de brinquedos injusto subiu. Ou seja, as crianças mostraram menos antipatia para com o injusto que beneficiava alguém da raça destas crianças.
A professora de Psicologia Jessica Somerville, que participou no estudo, comentou: «Se só a justiça interessasse aos bebés, eles iriam preferir sempre o distribuidor justo. Mas também estamos a ver que eles estão interessados nas consequências que a diferente distribuição de brinquedos tem para o seu próprio grupo.»
Trata-se de uma tendência natural, arcaica, de preferência pelo seu próprio grupo, que tem sido há muito estudada pelo estudo do comportamento humano...
Um estudo do psicólogo Yarrow Dunham, que está agora na Universidade de Yale, mostrou que a cor é uma característica especialmente notória para os jovens. Numa turma de crianças, estas foram divididas em dois grupos, cada um dos quais identificado com uma camisa de cor diferente. Mais tarde, as crianças mostravam tendência para recordar mais coisas boas das outras crianças que usaram a camisa da mesma cor que a sua e mais coisas más das crianças que usaram camisas de cor diferente da sua. «As crianças começam a mostrar de imediato estas preferências. Não é só uma preferência, é também uma aprendizagem preconceituosa - as crianças aprendem de facto diferentemente a respeito do seu grupo e dos grupos aos quais não pertencem.» Algumas crianças manifestam entretanto alguma compaixão para com aqueles que têm o «azar» de não serem iguais a elas e que, presumem estas crianças, devem ser infelizes por causa disso. 
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Fonte: http://time.com/67092/baby-racists-survival-strategy/


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A realidade humana é isto. A Justiça, entretanto, pode entender-se de mais de uma maneira. Na sua definição clássica é simplesmente isto: dar a cada qual o que lhe pertence. A partir daqui, diferentes ideologias decidem o que pertence por direito a cada qual... Para um internacionalista, é justo que todos tenham iguais direitos em toda a parte; para um nacionalista, é absolutamente óbvio que os nacionais devem ter na sua própria terra mais direito do que os estrangeiros. E esta é, ao fim ao cabo,  justiça tradicional, alicerçada, como se percebe pelo texto acima, na própria natureza humana. Pôr os seus em primeiro lugar é, só por si, uma questão de dever, de modo algum incompatível com a justiça.