terça-feira, setembro 27, 2016

ARMAS DE CRISTAL DE HÁ MILHARES DE ANOS ENCONTRADAS NA IBÉRIA


Um conjunto de armas de cristal - pontas de lança e eventualmente uma adaga - foi encontrado nas tumbas megalíticas de Valencina de la Concepcion, no sudoeste de Espanha. O achado foi datado do terceiro milénio a.e.c..
O local onde foi encontrado, o tholos (espécie de construção funerária) Montelirio, escavado entre 2007 e 2010, é «uma grande construção megalítica com mais de 43.75 metros» no qual se encontram pelo menos vinte e cinco indivíduos enterrados, juntamente com bens sumptuosos, incluindo vestuário decorado com contas de âmbar. 
Não longe daí encontra-se o cadáver de um jovem de menos de vinte e cinco anos, em posição fetal, com uma garra de elefante na cabeça, rodeado de vinte e três lâminas de sílex e diversos objectos de marfim; há pigmento vermelho de cinábrio espalhado pelo corpo e pelos objectos. A adaga de cristal estava no nível superior desta câmara, onde não foram encontrados quaisquer restos ósseos humanos, o que indicaria que as armas de cristal não diziam respeito a ninguém em particular.
Os itens mais tecnicamente sofisticados foram depositados nas estruturas megalíticas maiores, o que leva a crer que apenas os grupos ou indivíduos mais destacados que eram enterrados em megálitos poderiam adquirir estes bens. No Montelírio as pontas de lança não parecem poder ser atribuídas a qualquer dos vinte indivíduos encontrados na câmara principal.
O cristal poderia ter um significado mágico-religioso nesta sociedade calcolítica (da Idade do Cobre), eventualmente ligado a simbolismos funerários ou de crenças em geral. Na sua análise da religião do período neolítico europeu, a famosa arqueóloga lituana Marija Gimbutas ligou o uso votivo e ritual de nódulos de quartzo branco a um simbolismo de morte e regeneração, frequentemente associado com espaços funerários. A crença prolongou-se no tempo - o rei de Castela Alfonso X, o Sábio (1276-1279) enfatizou, no seu «Lapidarium», o poder dos cristais para ligar seres humanos ao mundo espiritual e para os proteger do perigo.
Curiosamente, os cristais, que eram relativamente frequentes em tumbas do quarto e do terceiro milénio a.e.c., parecem todavia desaparecer do contexto funerário nos tempos subsequente, nomeadamente a Primeira Idade do Bronze (início do segundo milénio a.e.c.). Segundo dizem os investigadores, «o uso deste material em bruto como bens de sepultura foi quase completamente abandonado». O motivo desta alteração permanece um mistério.
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Fonte: http://www.dailygrail.com/Hidden-History/2016/9/The-Crystal-Weapons-Prehistoric-Spain