segunda-feira, dezembro 31, 2012

«O HOBBIT»



Um filme especialmente adequado ao Natal, e ao resto do ano, é «O Hobbit», título de uma obra literária do inglês John Ronald Reuel Tolkien, cuja acção se passa cronologicamente antes da do «Senhor dos Anéis». Peter Jackson volta à glória, como se esperaria. A mesma grandiosidade épica e feérica, a mesma boa qualidade do enredo, a mesma ética sobre o dever de actuar contra a tacanhez de julgar que se pode ficar no seu canto desligando-se das ameaças que crescem, porque os inimigos de facto nem sempre se podem escolher. Brilha também a mesma riqueza de pormenores a modos que etnográficos - «Thorin», líder dos Anões, é um nome tirado da mitologia nórdica (Thorin é um anão no texto mitológico Voluspa, e é também chamado «Escudo de Carvalho», o que por seu turno não será provavelmente estranho ao facto de o mais possante dos Deuses nórdicos ser Thor, Cuja árvore sagrada é o carvalho); a mesma inspiração no mundo feérico da Europa setentrional e ocidental, das brumas célticas aos gelos fínicos, passando sobretudo pelo vigor épico da esfera germânica, vigor épico bem oleado pela banda sonora (ouvir a partir do meio o primeiro vídeo acima). Cate Blanchett está mais resplandecente que nunca como Galadriel, com mais destaque do que na saga anteriormente filmada.
E, cereja no topo do bolo, todo o cenário é bem europeu, tanto em paisagens como em rostos, de acordo com o bom gosto ocidental... claro que para quem mora em Lisboa, por exemplo, ou noutra grande cidade europeia onde a elite tenha impingido a «diversidade» pela iminvasão, tal enlevo facilmente se quebra assim que se sai da sala de cinema para fora, mas pelo menos enquanto se está «no filme» está-se na Europa...

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E una crítica sobre Django Unchained? Espero que faças.

31 de dezembro de 2012 às 20:50:00 WET  
Blogger Afonso de Portugal said...

Anónimo disse...
«E una crítica sobre Django Unchained? Espero que faças.»

Epá, mas para isso ele tem de ver o filme. Achas que vale a pena pagar para ver um filme anti-branco?

31 de dezembro de 2012 às 22:21:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Divulgue estes três textos sobre Tolkien:
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http://legio-victrix.blogspot.com.br/2012/12/tolkien-mestre-da-terra-media.html
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http://legio-victrix.blogspot.com.br/2012/12/o-senhor-dos-aneis-e-ariosofia.html
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http://legio-victrix.blogspot.com.br/2012/12/senhores-do-anel.html

1 de janeiro de 2013 às 14:15:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Apesar da história de Portugal ser riquíssima em episódios e acontecimentos, raramente estes serviram de inspiração para obras cinematográficas, sendo pouco comum assistirmos a um épico como “Linhas de Wellington”, um ambicioso projecto cinematográfico nacional, produzido por Paulo Branco, um dos mais prestigiados produtores portugueses. Ideologizado por Raoul Ruiz, que entretanto viria a falecer, o projecto foi realizado por Valeria Sarmiento, a viúva e colaboradora de longa da data do cineasta, através do argumento de Carlos Saboga (o mesmo de “Mistérios de Lisboa”), “Linhas de Wellington” procura recriar o célebre episódio das “Linhas de Torres”, aquando da “Terceira Invasão Francesa”, através das histórias dos homens e das mulheres que estiveram por detrás das armas, aqueles que tiveram de lidar de perto com os horrores da guerra, que consumia as suas almas, as vidas dos seus familiares, os seus bens, a sua felicidade.
A narrativa começa quando o exército português e britânico consegue uma vitória na Serra do Buçaco, sendo obrigado a retirar-se numa estratégia que visava evitar os erros cometidos nas duas invasões anteriores, onde portugueses e ingleses perseguiram os franceses até Espanha com poucos resultados. Agora são os ingleses e os portugueses que recuam, de forma a acabar com o que restava do exército rival, procurando deixar o território deserto de forma a atraí-lo para Sul, onde se encontram as Linhas de Torres.
Ricos, pobres, soldados, todos, independentemente do seu carácter e das suas motivações, procuraram convergir por diferentes caminhos para as linhas de Torres, enquanto efectuam uma política de terra queimada e enfrentam um conjunto de dificuldades e peripécias que irão mudar para sempre as suas vidas.
A certa altura do filme, o Abade interpretado por Albano Jerónimo salienta que “O Inferno não existe. O Inferno é isto”. Esta frase é paradigmática do cenário dantesco onde se encontram os vários personagens de “Linhas de Wellington”. Seja do lado português e britânico, sejam os soldados inimigos liderados pelo Marechal Masséna, todos estes personagens preparam-se para enfrentar o inferno e Veronica Sarmiento não poupa pormenores às fortes privações e agressões a que se encontram sujeitos os portugueses. Desde mortes em combate, passando por violações a mulheres (quer da parte francesa, quer britânica), seja a perda de familiares, morte pela peste, carestia, perda dos bens materiais, tudo parece convergir para um cenário desolador, onde um vasto mosaico de personagens luta para ultrapassarem as adversidades.

2 de janeiro de 2013 às 11:31:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Entre estes personagens sobressaem Carloto Cotta como o Tenente Pedro de Alencar e Nuno Lopes como o Sargento Francisco Xavier, dois militares de bom coração, que procuram defender a sua causa, os seus valores e ideais, enquanto forjam uma grande cumplicidade. Estes são acompanhados por nomes como John Malkovich como Duque de Wellington (numa fase em que ainda não tinha este título), uma figura sui generis da nossa história, não por ter dado o nome ao bife, mas sim pelo papel fulcral a nível militar, numa fase em que o Portugal europeu perdeu alguma da sua independência perante a França e Inglaterra; Soraia Chaves como Martírio, um papel que difere pouco do estereótipo ao qual a sua figura está associada; entre outros, que sobressaem a espaços ao longo da narrativa. Formado por um elenco recheado de talentos nacionais e internacionais, parte deste mosaico de personagens apresentado ao longo do filme nem sempre é devidamente aproveitado, sendo notória a dificuldade da narrativa em tornar interessantes algumas das histórias, com algumas participações especiais a pouco acrescentarem à narrativa, entre as quais as de Paulo Pires e Maria João Bastos, Catherine Deneuve, que pouco acrescentaram à temática, embora não esteja em causa o talento de ambos na arte da representação.
Com um trabalho notável a nível do guarda-roupa, uma banda sonora enriquecedora da narrativa, um argumento complexo mas nem sempre eficaz em explorar os seus personagens, “Linhas de Wellington” destaca-se ainda pela forma como procura sempre dar prioridade ao factor humano em detrimento do factor bélico, deixando de lado muitos dos episódios suculentos a nível da diplomacia internacional da época, bem como da própria estratégia militar, embora este período tenha material para inúmeras obras cinematográficas. Esta exacerbação do factor humano, da destruição que a guerra provoca nas almas e nos corpos daqueles que a vivem, é notória ao longo do filme, sendo os personagens o paradigma do território que deixaram para trás: destruídos, mas com muito potencial para se reconstruirem, numa obra épica e emotiva, embora por vezes algo atabalhoada.
Sarmiento consegue introduzir uma sensibilidade feminina à obra que é visível através da relevância que incute às personagens femininas, que ganham uma relevância muito maior do que serem apenas as companheiras dos personagens masculinos. Bom exemplo disso é Brites, a personagem interpretada por Joana de Verona, uma mulher forte, traumatizada pela violência sexual a que foi sujeita, que partilha não só o nome com a lendária Brites de Almeida (a padeira de Aljubarrota), mas também a sua ferocidade. Embora apareça pouco, Joana de Verona foi uma agradável surpresa neste papel, conseguindo expressar bem o carácter sofrido da sua personagem, um nome a ter em atenção no futuro, bem como Victória Guerra, uma actriz que não só serviu de alívio cómico, mas também incutiu uma grande sensualidade à obra. É notável como “Linhas de Wellington” conseguiu reunir todo um conjunto de talentos nacionais e internacionais que se tornam numa mais-valia inquestionável para a obra cinematográfica, embora nem sempre todos sejam devidamente aproveitados.
Apesar de exacerbar este factor humano do mosaico de personagens que compõe a narrativa, nem por isso o filme é menos eficaz nas poucas cenas de acção, com alguns momentos da narrativa a causarem grande impacto junto do público, sobretudo devido à forte construção personagens tiveram, notando-se um cuidado da equipa criativa em construir personagens complexos, embora nem todos consigam brilhar ao longo de uma narrativa onde se nota um cuidado a nível de investigação dos factos históricos.

2 de janeiro de 2013 às 11:32:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Numa fase onde o cinema português vive uma enorme crise, sendo desprezado pelas entidades públicas, não deixa de ser profundamente inspirador um projecto destes aparecer pelas nossas salas. Nascido de uma ideia da Câmara de Torres Vedras, “Linhas de Wellington” não só é um exemplo de como se pode fazer uma obra épica, sobre a nossa história, sobre parte das raízes da formação desta nação, contando com um elenco recheado de talentos nacionais e internacionais, uma belíssima realização, uma narrativa cativante, onde o espectador é transportado para um duro episódio da nossa história. Mais do que o lado bélico, o filme foca o lado humano, daqueles que viveram a guerra de perto, que tiveram de lutar pela sua nação, quando a sua independência poderia estar francamente em risco, cravando um enorme espinho nas pretensões de Napoleão Bonaparte.
Não deixa de ser curioso que uma obra como “Linhas de Wellington” tenha sido lançada numa fase em que o país encontra-se mergulhado numa grave crise financeira e com a ingerência da “Troika”. “Linhas de Wellington” é o perfeito exemplo da capacidade do povo português em enfrentar as adversidades, em desafiar as probabilidades e fazer grandes feitos, recriando um episódio espinhoso e inspirador da História de Portugal, ao mesmo tempo que prova (mais uma vez) que é possível fazer bom cinema em Portugal. Venham mais filmes com a mesma ambição de “Linhas de Wellington”.

2 de janeiro de 2013 às 11:33:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Nos dias que correm muito se fala sobre o financiamento às artes, nomeadamente ao cinema em Portugal. Há quem defenda que é urgente criar um apoio financeiro sustentável para o cinema produzido em Portugal, mas por outro lado há quem pense que existem actualmente outras prioridades e se temos que cortar em questões tão essenciais quanto os bens de primeira necessidade, então que cortemos na cultura.
Esta “temática” tem gerado muitas ondas contestatárias apoiadas por uns e por outros, gerando argumentos válidos para ambos os lados. Li recentemente um artigo de Guilherme Blanc, docente do Ensino Superior e programador cultural, para o jornal O Público, onde o mesmo exorta este assunto, referindo que cineastas de grande dimensão europeia como Ingmar Bergman, entre outros, tiveram um apoio parcial do estado e mesmo assim conseguiram criar grandes obras cinematográficas.
A questão fundamental desta discussão é o dinheiro gerado em bilheteira, ou seja traduzido em receita, que estes filmes denominados de “cinema de autor” conseguem gerar no mercado. E de que forma é que é sustentável apostar num filme deste calibre num momento de crise actual.
Sou de acordo que o estado deva apoiar as artes, e pois claro o cinema. Contudo, há que se perceber que este tipo de cinema (cinema de autor) nunca foi um cinema do povo, nem da maioria dos espectadores de cinema. Este cinema baseia-se numa auto-sustentação muitas vezes proveniente de um apoio seguro desses mesmos autores, ou seja, dos realizadores. Não nos podemos esquecer que realizadores como Ingmar Bergman ou Jean-Luc Godard vieram de famílias ricas e que muitas vezes, para não dizer todas as vezes, esse foi o seu sustento inicial para produzirem as suas obras, ou pelo menos para investirem na sua educação cinematográfica.
Não podemos pois, transpor para uma generalidade algo que foi sempre muito especifico. O cinema de autor é um cinema elitista. Até mesmo em Portugal vemos que os grandes realizadores não vieram de meios pobres, nem passaram dificuldades. É impossível dizer que o estado anda a roubar o cinema do povo, ou que devido aos cortes nos apoios o cinema já não avança, porque na Europa dos anos 50 temos mais do que exemplos de realizadores que não tiveram o apoio do seu estado e tiveram que desembolsar do próprio bolso para construir as suas obras. É claro que se o estado não apoia o cinema torna-se mais difícil produzi-lo, ainda mais num meio em que o cinema de autor produz poucos resultados de bilheteira.
No caso de João Salaviza, jovem realizador com grande talento (e que não haja dúvida), que foi premiado em 2009 e 2012 nos Festivais de Cannes e Berlim respectivamente, o seu valor como artista não pode restringir-se ao apoio financeiro do estado. Os custos para se produzir uma longa-metragem em condições são grandes, mas não podem limitar a arte.
O mais difícil é ser pobre, não ter cunhas e ter valor. É extremamente complicado produzir uma obra cinematográfica em qualidade desejável e leva-la a correr o país (já não digo o mundo).
O cinema de autor actual depende muito da boa vontade do criador/artista/realizador, mas depende também do fundo monetário. E não nos podemos esquecer que a elite, esse nicho do cinema de autor europeu, continua a ter dinheiro e continua a ser capaz de gerar obras de qualidade, se apostar em quem tem talento.

2 de janeiro de 2013 às 12:44:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

achei o filme horrivel, quem esperava ver uma historia como a trilogia "O senhor dos anéis", provavelmente se decepcionou bastante. Chega a da sono de tão grande e lento a historia se desenrola.
Provavelmente deve sair o dois, o que eu espero que seja melhor.

lucassouza24

6 de janeiro de 2013 às 20:36:00 WET  

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