segunda-feira, dezembro 31, 2012

ANIVERSÁRIO DOS «CONTOS DE GRIMM» - DOIS SÉCULOS

Uma imagem contemporânea dos Contos de Grimm, num qualquer jogo de computador
No âmbito do bicentenário da publicação do primeiro volume dos Kinder- und Hausmärchen (1812), a famosa colecção de contos dos Irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, várias instituições portuguesas acolheram a exposição Os Irmãos Grimm - Vida e Obra, elaborada pela Brüder Grimm-Gesellschaft e pelo Brüder Grimm-Museum.
Cabe a vez ao Porto de receber a exposição que, patrocinada pela Embaixada da República Federal da Alemanha, pelo Goethe-Institut de Lisboa, pela Universidade de Aveiro, pela Fundação Marion Ehrhardt e pelo Instituto de Literatura Comparada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, terá lugar na Biblioteca Municipal do Porto (Rua D. João IV, ao Jardim de S. Lázaro), entre 22 de novembro e 15 de Janeiro de 2013.
 
Uma obra que merece homenagem, quer pelo valor etnográfico em si, de registo de toda uma memória étnica que se adivinha multimilenar e de raiz etnicamente religiosa, quer pela intenção com que foi levada a cabo - constituir uma resistência identitária, cultural, folclórica, à invasão político-militar que nesse momento o país dos autores, a Alemanha, sofria, por parte das legiões imperiais de Napoleão. Para quem quiser ver a coisa em filme, é de sugerir «Os Irmãos Grimm», da autoria de Terry Gilliam (o mesmo que realizou a série televisiva e todos os filmes dos britânicos Monty Python; Gilliam é chamado «o mais europeu dos realizadores americanos»), onde os contos infantis e o folclore germânico, de remota origem pagã, politeísta, se entrecruzam durante umas horitas que só pecam por serem curtas, aquilo merecia pelo menos três horas de película. Salienta-se o contraste do racionalismo cientificista e materialista dos invasores franceses com o Romantismo (fantasista) dos Alemães, com a previsível vantagem para os segundos. Um tesouro da Europa contemporânea, em muito do que esta tem de melhor - o apreço pela identidade ancestral servido por métodos modernos de pesquisa.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sobre os relacionamentos interraciais:


"As previously mentioned, women are more likely than men to state a racial preference. Consistent with prior research, they are also more likely to prefer to date whites only; among those with an expressed preference, approximately 64% of white women prefer whites only compared to only about 29% of white men. Accordingly, white women are more likely then white men to exclude certain racial groups from dating consideration. Over 90% of white women who state a racial preference prefer not to date East Indians, Middle Easterners, Asians, and blacks. White men with stated racial preferences, in contrast, only prefer not to date one group at levels above 90%: black women…

Education is not a significant predictor of Asian exclusion, but college-educated females and males are more likely to exclude blacks than those with only high school degrees…

One of the most striking findings is that white women who describe themselves as slim, slender, athletic, fit or average are nearly seven times as likely to exclude black men as dates as women who describe themselves as thick, voluptuous, a few extra pounds, or large. This finding is consistent with racial–beauty exchange theories in that white women who do not meet conventional standards of beauty (in terms of having a thinner body type) are more open to dating black men, who may be considered a lower status group."



http://paa2008.princeton.edu/papers/80046

31 de dezembro de 2012 às 22:44:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Os judeus ainda são mais «racistas»:

"In terms of religion, whites who identified as Jewish were dropped from the analysis of black exclusion because it was a perfect predictor: all white men and women who identified as Jewish and stated racial preferences excluded blacks as possible dates; all Jewish white women with racial preferences also excluded Asian men as possible dates."

31 de dezembro de 2012 às 22:51:00 WET  
Blogger Caturo said...

Mais: http://gladio.blogspot.pt/2009/06/mulheres-sao-mais-racialistas-do-que.html

1 de janeiro de 2013 às 02:22:00 WET  
Anonymous Anónimo said...


French-German relations have been time and again tested throughout history. Ever since the 18th century, the two states have had a mutual distrust, constantly fearing an attack from one another. In the Napoleonic Wars, France (the continental European superpower at the time) invaded Prussia (what was then Germany), occupying the area and eventually continuing on to Russia. Although le bleu were stopped by a bitter Russian winter, pushed out of Russia, and eventually out of Prussia, a deep-seated distrust developed between the French and the German states.
Later that century, in 1870, the cunning Prussian prime minister Bismarck engineered a unification of the German states by goading France into a declaration of war. Shocking the world, the advanced Prussians smashed the cocky French in the Franco-Prussian War. Reluctantly, France ceded the famous Alsace-Lorraine territory to Prussia.
Immediatley after the war, however, the French pledged themselves to getting back their lost territory. They developed Plan XVII, a scheme to take back Alsace-Lorraine from the hated Germans if war should ever break out. In 1882, Germany formed an alliance with Austria-Hungary. France, feeling understandly threatened from the two emerging powers to their east, formed an alliance with Russia in early 1900.
These two opposing alliances, along with the desire to create an empire and rising nationalism, led to an incredibly intriguing and costly arms race in Europe. Hundreds of battleships were built; armies were in the millions. Even Great Britain was brought out of its splendid isolationism (Britain had 49 battleships to Germany's 29 at the end of the race). The kindling was there--France wanted to exact revenge and get Alsace Lorraine back while Germany wanted an empire--it just needed a spark.
After World War I, in which the French fought gallantly and proudly (for all you French military haters) Germany ceded Alsace-Lorraine back to France in the Treaty of Versailles. The treaty was incredibly harsh on the Germans, another factor which caused the Germans to despise their western neighbor. However, despite the French victory in the Great War, Le Bleu remained wary and suspicious of a German attempt to regain the territory. The memory of France's horrific losses in WWI were still fresh in French minds, and they remained acutely aware of the fact that their population was smaller than the Germans, and thus every man lost was far more costly. This caused France to build the Maginot Line, which heightened the rivalry and distrust between the two collosi.

1 de janeiro de 2013 às 14:37:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Sobre "As Linhas de Wellington"

A intimidade da vida privada durante a guerra é um cromo errático, o épico histórico não sabe o que fazer para se reinventar. Linhas de Wellington teve estreia ontem em Veneza.

Sem Raúl Ruiz, mas com a memória de Raúl Ruiz logo no genérico. A sua viúva, Valeria Sarmiento, lembrava ontem que o chileno dizia ser mais difícil realizar um pequeno filme do que um projecto com a envergadura de épico. Linhas de Wellington , projecto do produtor Paulo Branco com um argumentista, Carlos Saboga, interessado pelas invasões napoleónicas e pelos factos e pessoas da guerra, e com parte da equipa de um projecto anterior com Ruiz (Os Mistérios de Lisboa), teve a sua estreia ontem em competição no Festival de Veneza. Sem Ruiz, que morreu dois meses depois de começar a preparação, e com Valeria Sarmiento a realizar.
Ruiz terá influenciado a escrita do argumento, "três ou quatro ideias" suas foram mantidas, segundo Paulo Branco e Saboga, mas o filme é daquela que foi sua companheira e cúmplice durante 30 anos.
Terá razão o produtor quando diz que não se pode imitar um realizador imprevisível, que todos os dias inventava como ia fazer. Concorda-se que é injusto e derivativo tentar imaginar um "como teria sido se..." a propósito desta reunião de um cast multinacional - John Malkovich, Catherine Deneuve, Isabelle Huppert, Vincent Perez, Melvil Poupaud, Carloto Cota, Albano Jerónimo, Soraia Chaves, Nuno Lopes... - para recriar as invasões napoleónicas, no início do século XIV, e a estratégia do general inglês Wellington para deter as tropas francesas: uma linha de fortificações na zona de Torres Vedras, do Tejo ao mar, para impedir os franceses de chegar a Lisboa. Diz-se no argumento de Saboga que os ingleses foram a funda que os pequenos portugueses atiraram aos franceses, quais David contra o gigante Golias.
Não imaginamos o que seria o filme de Ruiz. Vemos apenas o que é o filme de Sarmiento. Teria sido decisivo que o pequeno filme deixasse marcas na convenção do épico. Em vez disso, há uma recorrência de actores, personagens e histórias apenas esboçados para logo desaparecerem - os estrangeiros, Deneuve, Huppert, etc., aparecem numa cena e não deixam rasto ou são resultado de graçolas, como Malkovich/Wellington; os portugueses, de forma geral, vêem o seu drama sabotado: não há intimidade ou vida privada em tempo de guerra que sejam mais do que erráticas. Veremos o que a versão televisiva alterará.
A dimensão épica, depois, aparece com dificuldades em (se) reinventar. Roda sobre um vazio. Não há isso a que se possa chama olhar. O material não é agarrado, mexido, violentado, é apenas afagado, se calhar com receio. Será por isso que todas as sequências parecem começar com o mesmo travelling? Será por isso que à voz off repartida entre portugueses e franceses não corresponde a oscilação de perspectiva e é apenas um instrumento, como muitos outros que se usam nos épicos e que aqui apenas foi "aplicado"?
Há um vislumbre num plano. Ressoa algo de apocalíptico sobre nós, portugueses, gente de um país pequeno à mercê das aventuras europeias: o regresso a casa, depois das invasões, paisagem devastada... A reconstituição histórica com sinais de vida, enfim. Sufoca de seguida. É o último plano, já acabou.

2 de janeiro de 2013 às 11:28:00 WET  

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