sexta-feira, maio 30, 2008

O GRANDE «PERIGO» DA DESAGREGAÇÃO DE ESPANHA...

Outra notícia, do mesmo Expresso:

A respeito das palavras de Joseph-Lluis Carod Rovira aquando da sua vinda a Lisboa, já aqui noticiadas, a saber, no essencial, «o que menos interessa a Portugal é uma Espanha unitária», o Expresso confrontou três personalidades portuguesas com um cenário hipotético de desaparecimento da Espanha.
«"Seria péssimo", diz João Rosa Lã, que foi embaixador em Madrid entre 2002 e 2004. "O facto de nos inserirmos em espaços cada vez mais amplos, como o europeu, diminui a conflitualidade entre países. A divisão da Espanha em entidades pequenas colocaria Portugal ao mesmo nível e num caldeirão de problemas que não nos dizem respeito.»

Sucede que o tal espaço europeu é composto de muitas nações soberanas, independentes, e que é mesmo por aí, pela salvaguarda da sua independência, na medida do possível, que passa a harmonia entre todas elas. Ora a Espanha não é um espaço igual ao europeu, visto que há uma Nação, Castela, que domina as outras (Catalunha, Euskadi, Galiza, Astúrias).
Além do mais, por que cargas de água é que ficar ao mesmo nível traz problemas? Como é que Portugal podia sofrer por passar a estar ao mesmo nível que Castela, por exemplo, em vez de mais pequeno e mais pobre, como agora?

E continua...

«Acresce que "em termos económicos, Portugal beneficia em estar ao lado do mercado espanhol, que é cinco vezes maior", diz. "Hoje negociamos com Madrid de igual para igual."»

Mau... afinal somos cinco vezes mais pequenos e mesmo assim negociamos de igual para igual? Estranha análise...

«"Se tivermos de negociar com Vigo, Mérida ou Sevilha será mais complicado."»

Ah, percebe-se... então o melhor mesmo era termos negócios apenas com um país do mundo, para ficarmos completamente dependentes dele... tem toda a lógica...

«"Estes pequenos imperialismos tentarão estender os tentáculos a Portugal", conclui.»

Ah, esta então ainda se percebe melhor - os pequenos imperialismos são perigosos, mas os grandes imperialismos não...
É absolutamente evidente que quanto mais Pátrias existirem, melhor as Nações médias e pequenas conseguem viver, tendo espaço de manobra para fazerem diversificadas alianças e não ficarem completamente subordinadas a nenhum grande Estado, mas neste caso é diferente porque é, porque sim, porque os Castelhanos são uns gajos porreiros e, embora queiram continuar a mandar em toda a Espanha, no nosso caso abrem uma excepção, porque sim, porque abrem...

Enfim, esta história de Lã «parece» um bocadito mal contada.

Vejamos agora o que diz José Medeiros Ferreira, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros: «se esse cenário se verificar num quadro de consenso entre as partes, quanto às alterações ao modo de administração dos territórios, é possível que Portugal também venha a ser afectado. É pouco provável que tal aconteça na nossa geração. Temos de estar atentos a essa evolução, mas havendo soluções separadas para a Catalunha ou País Basco, não sei se depois haverá muitas mais soluções.»

Críptica explicação... mas quantas soluções são precisas para cada caso?...
E em que é que Portugal poderia ser afectado?...
Nada claro.

Seguidamente, observe-se o que diz Carlos Gaspar, membro do Instituto Português de Relações Internacionais: «A desagregação da Espanha é o pior cenário para Portugal, mesmo se se fizesse de forma pacífica e democrática. Na Península Ibérica, Portugal seria um entre vários pequenos Estados, enquanto que, na fórmula estabilizada desde o século XV e confirmada após o interregno da união pessoal, Portugal é o outro Estado peninsular. A dualidade é um traço fundamental da posição de Portugal na Europa e na comunidade transatlântica.»

Ou seja, ser o mais pequeno e mais pobre numa relação é que é bom, estar de igual para igual com outros é mau e, sabe-se lá como, catastrófico... já estamos habituados a sermos os mais pequeninos e até nos sabe que nem ginjas, porque sim, porque já é assim há muito tempo e agora dá muita maçada deixarmos de ser os mais pequenos e pobres...

Ora, cá por mim, acho que um indivíduo tem mais hipóteses de sucesso se estiver numa sala com outros quatro indivíduos numa luta de todos contra todos do que se nessa sala tiver perante si um único oponente, mas muito maior e mais forte...
No cenário de todos contra todos, o sujeito até pode ir ficando de lado, a ver os outros quatro que, não tendo mãos a medir, batalham duramente em todas as direcções, sem tempo de irem procurar mais oponentes; mas, se o sujeito estiver frente a frente com um gigante, não tem mesmo maneira de evitar um combate no qual está em quase desesperada desvantagem.

Enfim, tenho ouvido dizer que há por aí muitos tugas iberistas, inclusivamente ao mais alto nível político e cultural, que de boa vontade integrariam Portugal na actual Espanha, ou seja, subordinariam Portugal a Castela. Não sei se é o caso de algum destes três entrevistados pelo Expresso, mas que lá têm pinta disso não se pode negar...

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

portugal nao é pobre por ser pequeno. Até ha varios paises europeus bem mais pequenos e bem mais ricos que Portugal.

Portanto nisso la podem estar descansados.
Portugal continuará a ser a mesma miséria, a Africa da Europa. Continuaremos a ser a mesma pequenez de sempre mesmo que um dia sejamos o pais com maior territorio.

os paises nao se medem aos palmos, isto é nao se medem em funçao da area e do numero de pessoas.

30 de maio de 2008 às 23:32:00 WEST  
Blogger Silvério said...

É engraçado, ainda ontem de manhã ia no comboio e atrás de mim iam uns tipos com a tradicional conversa dos combustíveis e a dizer: "isto a culpa foi do Afonso Henriques, se ele estivesse quietinho, éramos espanhóis e estávamos bem".

São os galegos a quererem sair e os portugueses a quererem entrar, este povo perdeu a dignidade toda, vende o cu por 2 litros de gasóleo. Não sei o que é que o D. Afonso Henriques faria com esta gente.

31 de maio de 2008 às 09:37:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Eu acredito que a melhor solução para Portugal e para a actual Espanha, seria uma confederação. Não juntar Portugal a Espanha, mas sim, criar uma confederação que reúnisse, Portugal, Catalunha, País Basco, Astúrias, Galiza (juntando com PT ou separada), etc... Seria bom para todos, e no panorama europeu também. Seria o maior país da Europa ocidental, com muito mais poder, também económicamente, culturalmente, etc... não esqueçamos que temos praticamente TUDO em comum com os restantes ibéricos. Somos descendentes de galegos, leonenses, asturianos, etc... D. Afonso Henriques não era mais que um filho do reino de Leão, que governou uma "região" do reino da Galiza (sul da Galiza "norte do actual Portugal"). No norte de Portugal as populações são galegos, que muitos catalães vieram para PT. Que os Lusitanos ocupavam o centro e sul de Portugal até a actual zona de Madrid. Que durante a reconquista muitos galegos "do norte de Portugal actual, portanto sul da Galiza", muitos Astúrianos vieram povoar o centro e sul do país. Portanto só por aqui vê-mos que somos ibéricos, que só faz sentido uma união entre as várias nações ibéricas.

31 de maio de 2008 às 17:57:00 WEST  
Blogger Treasureseeker said...

A avaliar pela quantidade de estações de serviço junto à fronteira,que estão a fechar,não sei se seria melhor repensar algumas coisas,levando em linha de conta uma perspectiva mais economicista da sociedade,mas o facto é que os índices não enganam,e o fosso que nos separa dos nossos irmãos ibéricos,cresce de dia para dia.A economia tem o peso que se sabe,no Mundo actual,e a realidade quotidiana é bem conhecida de todos:depois de 22 anos da entrada no "Clube dos Ricos",continuamos a ser o parente pobre,sem melhoras à vista.

Não iria tão longe ao ponto de partilhar da mesma ideia do José Saramago,que,pura e simplesmente,prevê o desaparecimento de Portugal,no seu todo cultural e de identidade própria,mas,quando olho para trás,para as voltas da História,pergunto-me se o acaso de um rei poderoso e expansionista,dar de presente a um conde francês,seu genro,uma parcela de território para governar e expandir,no quadro do Feudalismo,por melhores intenções que existissem,não poderia ter causado o surgimento de melhores estruturas económicas,assentes numa outra mentalidade,originando uma realidade nacional totalmente diferente,para melhor,claro está?...
Impossível não seria,estou certa disso,mas não tenho,de momento, paciência nem tempo para entrar em divagações sobre como poderia ser,pois isso não adianta nada.

1 de junho de 2008 às 11:52:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Atenção que o País fundado a partir dessa parcela de território em tempos dada a um conde da Borgonha, foi longe e construiu um dos maiores e mais duradouros impérios do Ocidente...

1 de junho de 2008 às 13:34:00 WEST  
Blogger Silvério said...

E muito dificilmente o dito conde teria conseguido essa obra, se não houvesse uma predisposição do próprio território para ser independente. Não somos mais diferentes do que os outros, mas os outros estão a pagar culturalmente mais caro o facto de não terem resistido a Castela.

2 de junho de 2008 às 01:38:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Ora nem mais. A Nação não foi criada pelo conde da Borgonha ou sequer pelo seu filho.

2 de junho de 2008 às 01:59:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

O problema foi as misturas que Portugal teve ao logo da expansão pelo novo mundo, enfraquecendo o nosso povo, e dando-nos uma ideia erradade que sempre havia um eldorado, e que por tanto não era preciso trabalhar. Primeiro foi as especiarias da India, depois o ouro do Brasil mais tarde Africa e mais recentemente os subsídios da UE.
Tanto dinheiro entrou e tanto se desperdiçou.
Continuamos pobres porque estamos sempre à espera que caia alguma coisa do céu .

2 de junho de 2008 às 10:00:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Já não existem Portugueses como os do tempo de D. Afonso Henriques.
Hoje existem mas é mais Migueis de Vasconcelos.

2 de junho de 2008 às 10:04:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

os Portugueses nunca tiveram veia empresarial e economica, nunca souberam como investir e desenvolver um pais.
Ja faz parte da raça.

Tiveram o ouro do Brasil mas so gastavam como os arabes. Se tivessem petroleo seriam como os Arabes, gastar e gastar em luxos e nao investir e desenvolver.

2 de junho de 2008 às 22:27:00 WEST  

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