terça-feira, abril 11, 2006

PRÓS E CONTRAS SOBRE AS RELIGIÕES E AS CULTURAS EM CONFLITO NA EUROPA

O programa «Prós e Contras» de ontem à noite foi particularmente esclarecedor para quem tiver estado com atenção.

Não o pude acompanhar de princípio (não há nada como a série «Roma» do canal 2), mas, pelo que vi, confirmei, genericamente, tudo o que pensava a respeito do real significado do Cristianismo no seio da Europa - o de inimigo, mais ou menos não declarado, da verdadeira essência dos Europeus, a saber, a identidade étnica e a liberdade. A este respeito, João César das Neves foi paradigmático, salientando-se na sua arenga a grosseira tentativa de «desdramatizar» o problema do Islão radical, caindo na banalidade nada inteligente de reduzir o caso a uma questão de «terrorismo», repetindo vezes sem conta que «o Islão sempre esteve cá dentro e dantes não havia problemas destes» - o senhor não leu John Locke, se lesse, considerava-o «um bruxo», como fariam os esquerdistas pró-muçulmanos; ou então leu e não gostou; e a tal ponto chegou o seu pró-islamismo, que até acabou por dizer que «compreendia os terroristas muçulmanos».

Pois é - já o papa actual tinha declarado que «O Islão é o irmão mais novo do Cristianismo», ou seja, digo eu, um credo monoteísta semita totalitário com mais vigor e mais capacidade de se impor pela força do que o envelhecido Cristianismo. Os mais radicais de entre os muçulmanos fazem aquilo que alguns dos cristãos mais fanáticos queriam poder fazer, mas não têm coragem ou disposição para isso...

Estava também a querer insinuar, juntamente com o padre que tinha ao lado, que razão da decadência da Europa estava na descatolicização, a que ele e quejandos gostam de chamar «perda dos valores da família» (da família cristã, entenda-se). Naturalmente, não conseguiu explicar em que é que a sua noção de família era superior às dos «novos tempos».
Aqui, a historiadora Fátima Bonifácio, que esteve bem ao longo do debate, caiu no erro, quanto a mim, de dizer que não estava disposta a abdicar da sua liberdade nem que a Europa estivesse a morrer - ora, na verdade, tal oposição não se coloca e constituiu, da parte de Fátima B., uma cedência à argumentação da beatagem que se lhe opunha, dado que a liberdade, em si, não contradiz a sobrevivência da Europa, antes pelo contrário - não há Europa cultural sem liberdade.

O supramencionado padre, que estava ao lado de João das Neves, bispo de apelido Martins, falou bem ao afirmar que o grande problema da Europa era a falta de coragem para assumir a sua identidade e defendê-la, até porque a identidade era essencial para que pudesse haver diálogo e verdadeira tolerância (só há diálogo, se houver pelo menos duas partes, só há pelo menos duas partes se houver pelo menos dois indivíduos a assumir as diferenças que os separam - e só perante o diferente é que se pode exercer a tolerância, como é lógico).´
No entanto, quando o bispo fala na identidade europeia, está a referir-se ao Cristianismo... quer isto dizer que o que realmente incomoda o vigário de JC é que os Europeus já não sirvam para defender pela força a doutrina do Crucificado...


É também de lembrar, e manter sempre presente, a atitude dos dois muçulmanos importantes na comunidade islâmica de Portugal quando foram interrogados pela apresentadora a respeito do que pensavam a respeito do Irão - andaram de roda, andaram, andaram, torceram-se e retorceram-se, mas escapuliram-se a condenar o regime cujo presidente quer a erradicação de uma Nação inteira...
O sacerdote comparou o regime iraniano com o cubano e com o venezuelano, dizendo que ninguém é obrigado a comentar o que fazem Fidel Castro e Hugo Chavez, isto só para não ter de vir a terreno condenar o radicalismo, como seria de esperar que um moderado fizesse...

Um deles teve imensa graça quando começou a falar do futebol (lembrou-se dum truque porreiro, o mafomético: «o tuguinha gosta de bola, por isso é só a gente dizer que torce pela equipa deles e os gajos derretem-se todos... resulta sempre...»), e depois às tantas já ia no presidente da República Cavaco Silva - nesta altura, Fátima Campos Ferreira comentou com acertada ironia «Ah!, pensei que ia dizer que Cavaco Silva também era muçulmano!...»

Tudo muito educativo, sem dúvida.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nesse debate não sei qual foi a ideia de comparar a ETA e o IRA com o terrorismo islamico.
Pois ambas as organizações referidas nada tem haver com razões religiosas.
Foi um debate em que só se disse disparates.
Lá estavam os cordeirinhos ocidentais à espera do lobo para serem devorados.

Celta 88

12 de abril de 2006 às 11:06:00 WEST  

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