segunda-feira, março 13, 2006

JOVENS DELINQUENTES E ASSASSINOS MAIORITARIAMENTE AFRICANOS

A maioria dos agressores actua em grupo: a média da faixa etária é de 22,5 anos; tem como alvos preferidos os espaços públicos e os estabelecimentos comerciais; usa armas adaptadas e não atinge mais de quatro vítimas. Estas são algumas das conclusões de um estudo exploratório realizado, no ano passado, pelo Instituto da Polícia Judiciária, a pedido da directoria de Lisboa por terem sido detectadas alterações aos padrões normais dos assaltos à mão armada.
Foram analisados 71 casos, que envolveram indivíduos dos 15 aos 41 anos, 116 africanos, segundas gerações, 39 caucasianos e 11 ciganos. Quase todos com reincidências no mundo do crime desde os 12 e 13 anos.
De acordo com dados fornecidos ao DN, em grupo actuavam 60% dos elementos, em dupla 18% e individualmente 20%. A faixa etária dos primeiros era de 22,5 anos, dos segundos de 23/24 anos, dos últimos 31 anos. Nos grupos foram identificados indivíduos com características muito diferentes, alguns com traços marcantes a nível de personalidade, grande capacidade de influenciar os outros, quer pela agressividade, impulsividade, ou simplesmente pelo facto de não cumprirem as normas. "Factores que os tornavam líderes", explica Cristina Soeiro, a psicóloga do Instituto da Polícia Judiciária, que coordenou a análise.

Do profissional ao mais fácil
Quanto aos padrões de roubo foram identificados quatro grupos. Um profissional, de que faziam parte indivíduos mais velhos, que avaliavam e planeavam as acções, "os chamados profissionais do crime", e que actuavam individualmente ou em grupo. Destes, alguns manifestaram "perturbações graves da personalidade".
O segundo grupo aparecia associado ao roubo e à toxicodependência, voltado para o furto pouco organizado, que apenas servia para obter os montantes necessários, somas pequenas. O terceiro, ao alcoolismo, respeitava a "situações pouco importantes, praticadas por indivíduos facilmente identificados pela polícia, e que não planeavam o crime", justifica a psicóloga.
O mais representativo era o quarto, o do crime de oportunidade, praticado por grupos de jovens, que actuavam com base na disponibilidade, que escolhiam os alvos segundo a facilidade de acesso e de fuga e que usavam a violência sempre quando necessária. Este grupo preferia como armas as caçadeiras de canos serrados, que aumentavam o ângulo de disparo, e as de alarme, transformadas nas de calibre de 6,5 milímetros.

Motivações económicas
No que toca ao perfil dos agressores, também foram traçados quatro. O primeiro actuava em estabelecimentos comerciais com arma de fogo, violência, em grupo ou dupla, e uma motivação económica. O segundo também preferia espaços públicos, armas de fogo ou brancas e tanto actuava em grupo como em dupla. As vítimas ficavam com lesões graves e a motivação era igualmente económica.
O terceiro integrava indivíduos que associavam o crime à dependências da drogas, que deixavam lesões nas vítimas se fosse necessário. O último, cuja percentagem não é muito significativa, segundo Cristina Soeiro, incluía os agressores mais perturbados e mais violentos, que planeavam as acções.