quarta-feira, abril 27, 2005

VIGILÂNCIA IDEOLÓGICA PELO BEM...

Como seria de esperar, há já por aí quem esteja incomodado com a exibição do filme «Untergang» pelo simples motivo de que tal película apresenta Adolf Hitler como ser humano.

Ora os Novos Inquisidores de serviço não podem admitir uma coisa destas: não podem tolerar que quem tinha ideias «tão erradas» - tão erradas, perante o universalismo e mixordismo reinantes, entenda-se - venha agora ser representado num filme sem traços de monstruosidade facilmente detectáveis.

É vergonhoso, pensam os Novos Inquisidores, que sejam cada vez maiores as multidões dos que poderão ir ver o filme sem problemas de consciência e sem recearem condenações e estigmas das censuras adormecidas pelo engenhoso esquema.
E vivam as censuras em nome da Única Verdade Admissível Conforme A Revelou O Judeu Crucificado Onde o Judas Perdeu as Botas!...

E o pior é que, para outros, o filme é ainda mais que isso, não apenas a prova da humanidade de Hitler, mas também a prova da humanidade do próprio nazismo. No fundo, boas desculpas para ir vê-lo sem ser corrido pelo labéu nazista ou simpatizante do nazismo.
Malandros!! Livraram-se de terem um destacamento de vigilantes, à porta de cada cinema, para os insultarem e tirarem fotos e descobrirem as moradas de todo o criminoso moral que se atreva a ir ver o filme... Bolas, quanto mais não seja, é preciso criar-lhes remorsos!! Os remorsos obrigatórios para todos!!

E sabe-se lá até se o filme, ao reduzir Hitler a um velho senil e quase ridículo, isto é, a uma dimensão quase sub-humana, e sem explicações de fundo para o fenómeno Hitler/nazismo, vão os AA do filme fazer pensar a muitos fuhrerzinhos, ou candidatos a isso, que cada um deles é até melhor que o original ou pode vir a ser.
São moralmente obrigatórias as explicações de fundo!!! Não se pode permitir, sequer sonhar em autorizar!!!!, que seja quem for veja um filme sobre um criminoso ideológico sem que se acompanhe a dita película com uma mensagem a dizer «O que vão ver é o final da vida de um bandido que se atreveu a chacinar sem ser em nome da Santíssima Doutrina Católica Apostólica R....»

Há uns anos, outra facção de Novos Inquisidores também se chateou muito porque a obra do dito velhote austríaco de bigode andou por aí, no mercado português, sem o respectivo e obrigatório «texto introdutório a contextualizar», isto é, em bom Português, a meter veneno, a injectar com vacina lava-cérebros, para predispôr o leitor incauto a odiar o conteúdo do livro...

E, com tudo isto, aumentam os Novos Inquisidores que perguntam: os Europeus, o mundo até, preparam-se para perdoar a Hitler?
Pode-se perdoar a quem tenha disseminado ideias raciais e nacionalistas por todo o Ocidente?
Bem, o mundo «perdoa» à Cristandade o ter massacrado milhões de pessoas, na Europa bárbara (Carlos Magno), na Europa medieval e moderna (Inquisição), nas Américas, nas Índias...
Mas isso é diferente!!! É que esses crimes cristãos foram cometidos em nome de uma Sã Doutrina, estando assim piedosamente justificados...

11 Comments:

Blogger Caturo said...

Obrigado, caro camarada.;)

Saudações.

27 de abril de 2005 às 11:58:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Não se trata de o onkel Adolf ter defendido o Nacionalismo, trata-se isso sim de o ter levado a cometer crimes contra as outras Nações, que ele julgava inferiores, e de o ter usado para justificar agressões e destruição que atentavam contra o direito de existência que as outras também tinham. Se há quem use a sua imagem para destruir por motivos ideológicos o Nacionalismo já é outra coisa, mas é uma distorção semelhante...


Imperador

27 de abril de 2005 às 16:26:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Sim, Imperador, mas não seja ingénuo... o verdadeiro motivo pelo qual Hitler é tão atacado, não assenta nas suas acções, mas sim na sua ideologia. Não tenha muitas dúvidas disso. E não me engano muito se disser que um filme sobre Estaline não desencadearia nem metade da polémica que o «Untergang» está a suscitar.

Aliás, quase não se faz nada, em termos de ficção filmada, sobre o regime soviético, num silêncio quase total que é, digo eu, assaz esclarecedor sobre as «sensibilidades» dos mentores ideológicos dominantes no Ocidente.

27 de abril de 2005 às 16:37:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Na verdade, não incomodou ninguém. Não deixa de parecer um exercício grotesco, obviamente, mesmo com o magnífico naipe de actores alemães (entre os quais Bruno Ganz), todos eles bons conhecedores dos horrores do nazismo, tal como a generalidade dos alemães. O que me espanta é ver o gáudio com que o filme é recebido pelos auto-proclamados "nacionalistas" que, sabe Deus porquê, se identificam com tal barbárie (mesmo que o papá Hitler os enviasse rapidamente para um tratamento de gases por inferioridade racial, aspecto aciganado, etc - como sucedeeria inevitavelmente com os europeus do sul se se encontrassem em grande número na Alemanha do III Reich).

27 de abril de 2005 às 17:21:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Na verdade, não incomodou ninguém

Na verdade, incomodou sim e de que maneira. Isto não é uma interpretação, é um dado objectivo, constatado. E quem o nega, é porque enfia a carapuça, mostrando também o seu próprio incómodo.


Não deixa de parecer um exercício grotesco, obviamente,

Um exercício grotesco porquê?...


O que me espanta é ver o gáudio com que o filme é recebido pelos auto-proclamados "nacionalistas"

Quanto mais não seja, porque dá prazer ver certos auto-proclamados «democratas» a irem aos arames quando se mostra uma versão da História que, manifestamente, os incomoda.


(mesmo que o papá Hitler os enviasse rapidamente para um tratamento de gases por inferioridade racial, aspecto aciganado, etc - como sucedeeria inevitavelmente com os europeus do sul se se encontrassem em grande número na Alemanha do III Reich).

Mera suposição, ainda para mais sem qualquer suporte sólido. A aliança com a Itália, bem como o tratamento privilegiado que os soldados alemães dispensavam aos prisioneiros gregos (do mais mediterrânico que há na Europa), deita por terra tão fracamente propagandística suposição.

27 de abril de 2005 às 17:42:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

"Mera suposição, ainda para mais sem qualquer suporte sólido. A aliança com a Itália, bem como o tratamento privilegiado que os soldados alemães dispensavam aos prisioneiros gregos (do mais mediterrânico que há na Europa), deita por terra tão fracamente propagandística suposição."

Olhe que não! Olhe que não! Se naquela altura já acreditavam em coisas que não eram verdade mas que eles tinham criado a respeito dos sub-humanos, quanto mais em crenças com realidade histórica, como a de que existe sangue Árabe, Mouro e Judeu na Península Ibérica!... Se não tivesse sido o Franco, o nosso Schindler, que não deportou um único Judeu para a Alemanha, a fazer-lhe frente, a Alemanha em vez de ter atacado a Rússia teria atacado Portugal e a partir daí Cabo Verde, para cortar as comunicações do Atlântico Sul aos Ingleses, e, sem aquele desastre suicida Napoleónico da Rússia, teria certamente ganho a Guerra, e nós hoje nem Alemão falaríamos!...


Imperador

27 de abril de 2005 às 17:53:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Parece que não incomodou mesmo, apesar de toda a expectativa que você gerou em relação ao assunto. Talvez nos pudesse dar um exemplo desse "incomodismo", mas em Portugal.

Quanto ás bens conhecidas doutrinas raciais dos nazis, que mandaram para a morte milhões de brancos europeus com aspecto bem mais nórdico que o ibérico médio, seria só aplicar o teste no seguinte link a alguns "skinheads" portugueses:

http://www.ushmm.org/outreach/78570.htm

O resultado seria catastrófico, seguramente.

Ao neonazismo actual, todavia, não convém lembrar estas coisas, e até alguma gente do sul europeu que seri chamada de negróide é bem vinda para organizar concertos nacionalistas, tatuarem suásticas pelo corpo todo e fazerem colectas pelas "mulheres arianas", colocando fotos de mulheres louras alemãs no seu site da Net. Sim, a loucura total, ou antes uma forma de esquizofrenia paranóide.

27 de abril de 2005 às 18:43:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Se naquela altura já acreditavam em coisas que não eram verdade mas que eles tinham criado a respeito dos sub-humanos, quanto mais em crenças com realidade histórica, como a de que existe sangue Árabe, Mouro e Judeu na Península Ibérica!...

Não é grande espingarda, isso que diz. Também existia a crença a respeito do sangue mouro em Itália e do sangue turco na Grécia e, no entanto, o Reich era aliado de um desses países e simpatizava com os naturais do outro.



Se não tivesse sido o Franco, o nosso Schindler, que não deportou um único Judeu para a Alemanha, a fazer-lhe frente, a Alemanha em vez de ter atacado a Rússia teria atacado Portugal

Isso é você a inventar. Não há prova nenhuma disso.


e a partir daí Cabo Verde, para cortar as comunicações do Atlântico Sul aos Ingleses,

Isso é outra coisa - aí, já fala de uma questão estratégica, não étnica. Nesse caso, tenho de o informar que houve um plano, por parte dos Americanos e dos Ingleses, para invadir Portugal, durante a II Grande Guerra.

27 de abril de 2005 às 20:31:00 WEST  
Blogger Caturo said...

Parece que não incomodou mesmo,

Não é «parece», é incomodou mesmo.


apesar de toda a expectativa que você gerou em relação ao assunto.

Eu até falei relativamente pouco sobre o tema...


Talvez nos pudesse dar um exemplo desse "incomodismo", mas em Portugal.

O próprio facto de ele ser discutido na televisão, num programa de mesa redonda, em que o esquerdista Daniel Oliveira, espertalhaço, veio dizer que «não havia problema nenhum em mostrar o lado humano de Hitler...», mesmo a querer tirar a carga ideologicamente perigosa ao acto de humanizar Hitler... esse facto já fala por si.
O texto que aqui escrevi foi baseado numa mensagem do blogue Aliança Nacional, da autoria de A. C. R..



que mandaram para a morte milhões de brancos europeus com aspecto bem mais nórdico que o ibérico médio,

Mas não mandaram para a morte os Gregos, nem os Italianos, nem os Croatas, tão ou mais morenos que os Hispânicos (os Gregos, pelo menos).


seria só aplicar o teste no seguinte link a alguns "skinheads" portugueses:

Quem assim fala ignora (já que quer saber) que, na Alemanha, a Ahnenerbe (instituição que estudava a questão racial) determinou que os únicos alemães racialmente puros eram os do norte, e, mesmo assim, só os que habitavam entre os rios Oder e Reno.



Ao neonazismo actual, todavia, não convém lembrar estas coisas,

Ao anti-nazismo actual é que não convém lembrar as coisas que referi e muitas outras. Ficam-se pelas aldrabices, distorções da verdade e confiam no seu monopólio sobre a comunicação sucial para enganar os povos.

Por isso é que a internet os inquieta tanto... porque, por enquanto, ainda não há censura ideológica forte sobre os seus conteúdos...


e até alguma gente do sul europeu que seri chamada de negróide é bem vinda para organizar concertos nacionalistas,

Especulações, nem o vento as leva... enterram-se, simplesmente.


Sim, a loucura total, ou antes uma forma de esquizofrenia paranóide.

Que, de facto, incomoda muita gente... é a isso que se chama, verdadeiramente, loucura saudável... ;)

27 de abril de 2005 às 20:45:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

mesmo que o papá Hitler os enviasse rapidamente para um tratamento de gases por inferioridade racial, aspecto aciganado, etc - como sucedeeria inevitavelmente com os europeus do sul se se encontrassem em grande número na Alemanha do III Reich
Trate-se desses complexos de inferioridade.

NC

27 de abril de 2005 às 23:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Veja-se o estado em que isto está, e o mapa é de 1990!!!
http://www.lib.utexas.edu/maps/united_states/1990census_hispanic.jpg

Imperador

29 de abril de 2005 às 17:17:00 WEST  

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