quarta-feira, abril 27, 2005

CULTURA E CONTINUIDADE CIVILIZACIONAL


Artigo curioso a respeito da queda das civilizações.
Fala-se aí de um livro no qual o autor afirma que as sociedades humanas nunca ou raramente são destruídas devido a catástrofes naturais - pelo contrário, as culturas humanas que desaparecem, são as que por algum motivo escolhem um caminho que as leva ao suicídio.

O autor em questão, Jared Diamond, dá como exemplo os Vikings estabelecidos na Gronelândia - nessa terra gelada, os homens do setentrião europeu não se adaptaram ao meio ambiente, não imitaram os Inuit (índios que eram seus vizinhos), e muito menos aceitaram misturar-se com eles, já que os desprezavam, chamando-lhes «Skraelings» ou «Povo Feio», ou, «Miseráveis» - e, por isso, a sua cultura não sobreviveu naquele lugar.

Significa isto que a sua sobrevivência cultural estava acima da sua sobrevivência meramente biológica; e que, por isso, mantiveram uma posição vertical perante as adversidades materiais. O autor diz que os Vikings da Gronelândia morreram, mas porque é que, em vez disso, não terá sido possível que eles simplesmente tivessem abandonado a região? É trágico que, pelo menos aparentemente, tenham comido os próprios cães, mas não é impossível pensar-se que podiam ter-se ido embora, se o quisessem, regressando assim à Islândia.

O que importa salientar é que a sua cultura, o seu modo de vida, estavam acima da sua ambição territorial. Deram com a sua atitude um exemplo notável, contrário ao horizontalismo peganhento e sem nobreza dos que se vergam a tudo.

No entanto, isto da cultura condicionar a sobrevivência tem o seu lado muito negro, que é quando certos valores, que não são os da cultura original, se introduzem na civilização e a levam a abrir as portas da sua cidade ao cavalo de Tróia que a destruirá. Assim parece vir a poder, ou a estar a acontecer no Ocidente, que, dominado por doutrinas universalistas (mais do que uma, elas vêm em catadupa, uma desencadeando a outra: do universalismo religioso, ao materialista ateu e, daí, ao materialista-humanista, também conhecido como «globalização»), chama sobre si uma iminvasão e uma apologia da diluição por meio da caldeirada racial, étnica e cultural.