quinta-feira, novembro 20, 2003

TOMADAS DE POSIÇÃO

Perante os dois atentados bombistas ocorridos hoje na Turquia, um deles reinvindicado por uma organização turca, Grande Oriente Islâmico, e, o outro, pela Al-caeda, só fico ainda mais hesitante entre as explicações mais plausíveis.

É fácil, e pessoalmente tranquilizador, em termos de visão do mundo (porque permite ver televisão sem estar permanentemente a duvidar), pensar que há de facto uma organização terrorista de fanáticos islâmicos denominada Al-caeda, inimiga jurada dos E. U. A. e de Israel.

No entanto, esta versão parece demasiado perfeita e simples, e, sobretudo, conveniente ao poder yanko-judaico.

E, acto contínuo, diversas teorias, mais ou menos convincentes, a respeito da realidade que se esconde por detrás do atentado de 11 de Novembro, levam a pôr em dúvida a existência, quer da Al-caeda, quer de Bin Laden.
A aparição, de quando em vez, de umas cassetes vídeo nas quais Bin Laden diz que fez e que aconteceu, e que vai fazer mais até destruir a América, tem mesmo o aspecto de uma aldrabice bem montada para enganar as multidões.

Faz lembrar as palavras de Ernst Jünger, na obra «Um Passo na Floresta», quando este diz que o poder totalitário tem necessidade de apontar um inimigo, não suficientemente forte para fazer perigar a confiança dos cidadãos no poder do regime que os domina, nem demasiado fraco para ser considerado como não podendo prejudicar «o sistema» - o perigo que tal inimigo público oferece tem de ser moderado, para manter todo o povo unido e obediente, já persuadido a abdicar de certas liberdades.

Mas, na mesma obra, Ernst Jünger afirma também que o homem actual se solidariza muitas vezes com o criminoso, e relaciona essa simpatia pelo diabo com a solidão dos indivíduos face ao mecanicismo gigantesco titaniquesco (de Titanic, o navio cujo desastre é pelo filósofo utilizado como símbolo da impotência do homem actual perante um falhanço do mecanismo desumanizado e titânico), cada vez mais frequente, hoje em dia.

Portanto, se a Alcaida, e mais o seu líder, foram inventados pela C.I.A., como alguns querem fazer crer, então o tiro está a sair-lhes pela culatra, aos américo-hebraicos.
Porque há uma parte das populações ocidentais que se afirma cada vez mais hostil aos E.U.A. e, até, a Israel - a até há pouco tempo «santa» pátria do auto-proclamado povo eleito, convenientemente chamado de «povo-mártir» - ao mesmo tempo que sente cada vez mais prazer quando um terrorista islâmico mata um americano. Trata-se de um fenómeno onde convergem, quer a propaganda esquerdista anti-yanke, quer, também, o apelo romântico do fora-da-lei que desafia o poder imperial opressor, fazendo da Al-caida uma espécie de Zorros muçulmanos.

Ora, eu não acredito que os cérebros da C.I.A., e, claro, da Mossad, não saibam como é o povo. Não acredito que não fossem capazes de prever este tipo de simpatias quando, supostamente, engendraram a Al-caida.

De qualquer modo, perante a catrefa de protestos «populares», que correm pela Europa fora, contra Bush, antes prefiro, como Aleksandr Isaevich Solzhenitsyn, deplorar o declínio da coragem dos ocidentais, que, perante a ameaça terrorista, antes preferem vociferar contra os alvos mais fáceis, que são, neste caso, os governos democráticos que permitem livremente as manifestações de repúdio contra si próprios.